Ao término da formação em Psicologia Analítica inicia-se a escrita do próprio processo. Após ser guiada por quatro anos pelos parágrafos de Carl Gustav Jung, em seminários reflexivos, a autora sentiu-se em vaso, um vaso de barro. A partir deste processo em que também se somaram centenas de horas de análise, criam-se questões e se propõe respondê-las. Objetiva-se atender a possibilidade de gerar a ampliação da consciência da mulher no espaço de uma consulta ginecológica. Seguiu-se também a questionar até que ponto a ampliação de consciência da médica leva a mobilizar a transformação em pacientes. Guiada por sonhos e vivências foram se formando pensares relacionados à mulher em sintomas e também a experiências pessoais. O momento de escrita pedia pela escolha de conteúdos como forma de envasar este movimento da médica mulher frente à paciente mulher. Escolheram-se quatro mulheres como alicerces ou pilares desta construção. A autora contatou com leituras feitas em 1985. A escolha em retomar o livro A Mulher Emergente de Natalie Rogers foi devido ao efeito assustador deste na época. O segundo livro a ser revisitado foi Opções de Liv Ullmann, atriz, hoje diretora que ainda fascina a autora. Duas outras mulheres foram escolhidas, a analista Junguiana Marie Louise von Franz, por reconhecer em sua fala um guia sobre a psicologia da mulher e Elisabeth Kübler Ross, médica e psiquiatra que mostrou a fidelidade a seu destino. Com estes ingredientes se revisita passagens do tempo de experiência como médica em ginecologia. Agregando a formação analítica se vê a possibilidade em ampliar a própria consciência e, num curto espaço de tempo, acender pequenos focos também para outras mulheres. O trabalho aponta para o sintoma como um símbolo e um presente para a transformação da mulher. Escreve-se, então, sobre a relação consigo mesma e com outras mulheres, acreditando poder propiciar questões e reflexões capazes de mostrar que a vida traz um sentido e significado pessoal a cada uma.
A Mulher em Vaso: Um Despertar a partir da Psicologia Junguiana
Monografia de Maria Denise Leal Vargas. Defendida em 23/10/2015. Publicada em 17/07/2017 com a permissão da autora.